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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Repassando e-mail: Pescar Tubarões em Recife para Evitar Ataques. Atitude Correta ou Sensacionalismo?




Quando um grupo de cidadãos se reúne para incentivar a matança de seres vivos na natureza, devemos nos alertar sobre algo estar muito errado... ou essas pessoas estão radicalizando de forma imprudente ou estão usando a questão como mera plataforma midiática para ter visibilidade à custa de sensacionalismo. Sendo a segunda opção, eles já foram bem-sucedidos.

No Jornal Nacional (Rede Globo) do último sábado, dia 19, William Bonner abriu a matéria “Incentivo à Pesca de Tubarões em Recife revolta ambientalistas em Pernambuco” dizendo que um grupo de cidadãos criou um movimento em Pernambuco que incentiva a captura de tubarões no estado. Mais à frente, a repórter diz que, em função dos 57 ataques com 21 fatalidades (números incorretos) nos últimos 20 anos, o medo dos tubarões se espalhou e chegou ao ponto de um grupo se reunir para combinar estratégias para evitar novos ataques. O movimento, que se denomina Propesca, defende a captura dos animais, fornece material para os pescadores e até oferece uma recompensa em dinheiro.

A matéria diz ainda que o grupo, formado por engenheiros de pesca, biólogos e médicos, defende também a instalação de uma tela de aço galvanizado ao longo dos 16 quilômetros de litoral como medida protetora. E o coordenador do grupo, Bruno Pantoja, afirma em tom de ameaça (ou chantagem): “a partir do momento que forem implantados os sistemas de segurança que nós propomos, nós cessamos todas as ações de captura”.

Eu poderia simplesmente dizer que se trata de um grupelho de ineptos que age de forma irresponsável, mas, em benefício do esclarecimento, arrolo abaixo o que penso sobre o assunto.

1 – Incentivar a captura dos tubarões para evitar ataques

Achar que eliminando os tubarões eles acabarão com os ataques é um pensamento lógico, mas completamente absurdo e antiecológico. É tão óbvio e absurdo quanto dizer que acabando com os leões, elefantes e hipopótamos na África cessarão os ataques desses animais. E é antiecológico porque os tubarões exercem um papel crucial na manutenção da saúde e do equilíbrio dos ecossistemas marinhos, incluindo o litoral pernambucano, e, sem a presença deles, as consequências serão imprevisíveis.

2 – Contribuir para a imagem sensacionalista e irreal dos tubarões

Ao acreditar que a solução para dar segurança nas praias passa por “limpar as águas infestadas por essas feras”, essas pessoas contribuem para fortalecer a distorcida imagem do tubarão como um animal perverso e sanguinário e para estimular a fobia coletiva.

3 – Tratar a questão dos ataques de forma leviana

Os incidentes com os tubarões na Grande Recife começaram após um desequilíbrio ambiental provocado pelo homem, com a construção do Porto de Suape no início da década de 1990, que conjugou fatores locais específicos que aumentaram tremendamente a interação entre o homem e o tubarão e, consequentemente, os riscos de ataque. E, desde então, ataques de tubarão, com mutilações e mortes, passaram a ser um problema real que exigia soluções (foram 15 ataques somente em 1994). E para tratar do problema, pode-se atuar sobre duas pontas: os tubarões ou as pessoas.

Ao contrário do Propesca, que agora promove uma insana caçada aos tubarões, como no filme de ficção do Spielberg, o Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (CEMIT) fez a escolha certa e de bom-senso __ atuar principalmente sobre as pessoas. Composto por representantes dos mais diversos segmentos da sociedade, o CEMIT foi criado pelo Governo do Estado de Pernambuco, em maio de 2004, com o objetivo de discutir, deliberar e implantar ações recomendadas pelos workshops realizados em 1995 e 2004 (do qual participei). Desta forma, o CEMIT realizou campanhas educativas, estabeleceu fiscalização, orientação e segurança nas praias e promoveu a pesquisa e o monitoramento dos tubarões.

Apesar dos interesses conflitantes dos diversos setores da sociedade pernambucana, não obstante o respeito devido aos atacados e seus familiares (conheci alguns nas palestras que ministrei em Recife) e a despeito do Propesca insistir que o risco e o medo aumentaram, os números comprovam que o CEMIT fez e continua fazendo um excelente trabalho de esclarecimento e de educação dos surfistas e banhistas, com visíveis resultados na prevenção e queda dos ataques. De 1990 a 2004, foram 46 ataques com 18 fatalidades, o que dá uma média de 3,3 ataques por ano. Depois da criação do CEMIT, de 2005 a 2012, houve apenas 09 ataques com 03 fatalidades, configurando uma média de 1,3 ataques por ano.

4 – Oferecer recompensa em dinheiro para a captura de tubarões

Não sou advogado ou jurista, e por isso não posso afirmar que oferecer recompensa para capturar tubarões é crime ambiental, mas, como cidadão, acredito que seja absolutamente antiético fazer isso. Ainda mais em se tratando de um grupo constituído por pessoas de nível superior. Pessoas que deveriam ser mais esclarecidas e dar bons exemplos.

5 – Instalar tela de aço ao longo do litoral de Recife

Se no Estado de Pernambuco foram 55 ataques nos últimos 22 anos, no Estado da Flórida (EUA) ocorreram 500 ataques no mesmo período. Ou seja, dez vezes mais. Mas lá não se vê grupelhos empenhados na eliminação dos tubarões ou na defesa de instalação de redes ou telas de proteção. E por que não?

Porque redes e telas de proteção são coisas de um passado em que não existia preocupação ou respeito pela vida dos outros seres vivos que nos rodeiam e compartilham o Planeta conosco. Uma época em que se caçava baleia e se matava passarinho. Está mais do que provado que redes e telas de proteção sacrificam inúmeras outras espécies de animais marinhos que nada têm a ver com o problema dos ataques de tubarão.

Além disso, a tela de aço precisaria ser muito bem vistoriada e conservada ao longo do tempo para evitar a criação de buracos que permitiriam a entrada de tubarões que, posteriormente, percorreriam a praia à procura de uma saída. Ou seja, a tela de aço poderia atuar no sentido oposto, como uma armadilha, aprisionando os tubarões. E, em se tratando de Brasil, as chances de isso acontecer seriam grandes.

Espero que eu tenha sido capaz de me fazer entender, especialmente para os membros do Propesca. Ainda assim, dois colegas meus __ Rosangela Lessa, atual presidente do CEMIT, e Francisco Santana, atual presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Elasmobrânquios (SBEEL), ambos professores da UFRPE e altamente conceituados nessa área, talvez possam fazê-los entender melhor do que eu.

Quer saber mais sobre os tubarões e entender o porquê desses ataques? Assista a Palestra Online Mitos e Verdades sobre os Tubarões. Depois dessa palestra, sua opinião sobre os tubarões nunca mais será a mesma.
Acesse o link: 

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Projeto Tubarões no Brasil  
(PROTUBA)
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*Marcelo Szpilman, é biólogo marinho formado pela UFRJ, com Pós-graduação Executiva em Meio Ambiente (MBE) pela COPPE/UFRJ, é autor dos livros Guia Aqualung de Peixes (1991) e de sua versão ampliada em inglês Aqualung Guide to Fishes (1992), Seres Marinhos Perigosos (1998), Peixes Marinhos do Brasil (2000) e Tubarões no Brasil (2004). Por ser um dos maiores especialistas em peixes e tubarões e escritor de várias matérias e artigos sobre natureza, ecologia, evolução e fauna marinha publicados nos últimos anos em diversas revistas, jornais, blogs e sites, Marcelo Szpilman é muito requisitado para ministrar palestras, conceder entrevistas e dar consultoria técnica para diversos canais de TV. Atualmente, é diretor do Instituto Ecológico Aqualung, diretor do Projeto Tubarões no Brasil, membro do Conselho da Cidade do Rio de Janeiro (área de Meio Ambiente e Sustentabilidade), membro e diretor do Sub Comitê do Sistema Lagunar da Lagoa Rodrigo de Freitas e colunista da Rádio SulAmérica Paradiso FM 95,7 com o boletim ECO PARADISO, em duas edições diárias sobre meio ambiente e sustentabilidade.

Texto conforme postado em janeiro de 2013: 
http://www.institutoaqualung.com.br/Site/Conteudo/Artigo.aspx?C=Bax3KB86FCM%3D

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Verso - http://amigosdocemit.blogspot.com.br/2013_01_01_archive.html
Minhas cinco perguntas:

1 - Quando a vida em sua plena totalidade valerá mais que o dinheiro na concepção de alguns? 
2 - Quando estes que pensam que a natureza para sempre se renovará, entenderão que ela, esse bem tão precioso, não é de toda renovável?
3 – Quando é que alguns entenderão da importância de praticar atos sustentáveis?
4 – Quando é que nossas escolas contribuirão de maneira efetiva e consciente, desde o bê-á-bá até as universidades, para que nossos jovens possam perpetuar o conceito ecológico de forma mais adequada por toda a sua existência?
5 – Quando o homem ira perceber que ele é apenas um dos elos da corrente universal, e que o fato de ser um animal com capacidade de pensar, não o torna dono do mundo?
É possível dar ordem ao caos.
 Pense verde, o planeta azul agradece.
Abraços, sempre!!!...
Mu®illo diM@tto